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Desperdício de alimentos: o que sobra no seu prato é o que falta no de alguém — uma catástrofe moral que podemos começar a reverter hoje

  • Foto do escritor: Conrado Santos Conrads
    Conrado Santos Conrads
  • 29 de set.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 2 de out.

Hoje, no Dia Internacional da Conscientização sobre a Perda e o Desperdício de Alimentos, somos confrontados com um dos paradoxos mais dolorosos da nossa era. Vivemos em um mundo com capacidade para alimentar toda a sua população, mas onde a fome ainda é uma realidade diária para 735 milhões de pessoas. Enquanto isso, um bilhão de refeições são desperdiçadas todos os dias.


desperdicio de alimentos

A jornada do desperdício é longa e devastadora. Começa no campo, onde 13,2% de tudo o que é produzido se perde entre a colheita e a chegada ao varejo. Mas a sangria continua e se agrava perto de nós: cerca de 19% dos alimentos disponíveis são simplesmente jogados fora em nossas casas, em restaurantes e nos supermercados. Reduzir essa perda não é uma opção, mas uma necessidade existencial para garantir a segurança alimentar de hoje e de um amanhã com uma população crescente.


O impacto, no entanto, vai muito além da fome. Cada alimento descartado carrega consigo a sombra dos recursos preciosos que foram em vão: a água, a terra fértil, a energia, o trabalho humano e o capital investido. Quando esses alimentos chegam aos aterros sanitários, sua decomposição libera metano, um gás de efeito estufa potentíssimo que acelera as mudanças climáticas. O desperdício, portanto, alimenta a fome e, simultaneamente, agrava a crise ambiental do nosso planeta.


E como se não bastasse, há uma dimensão econômica cruel: ao afetar a disponibilidade de alimentos, o desperdício pressiona os preços para cima, gerando inflação. Em um ciclo perverso, jogamos parte da nossa comida fora e, por causa disso, pagamos mais caro por aquilo que consumimos.


É neste ponto que a análise do brilhante @James Marins, em seu livro "A Era do Impacto", se torna um soco na consciência. Ele escancara a fratura do nosso sistema ao nos lembrar que, enquanto quase 800 milhões de pessoas passam fome, 2,2 bilhões sofrem com o sobrepeso. O problema, como Marins define com precisão cirúrgica, transcende a logística e se torna uma questão de ética. Em suas palavras: “O fato de sabermos que, mesmo com a capacidade para alimentar todos os seres humanos, um em cada dez habitantes do planeta vive em quadro de vulnerabilidade alimentar, é um desastre humanitário, é uma catástrofe moral”.


Essa catástrofe nos convoca a sair da inércia. A mudança começa com um olhar honesto para dentro e ao nosso redor:


Na sua empresa, o desperdício de alimentos é um tema invisível ou uma pauta estratégica?


O restaurante que você frequenta tem alguma política de conscientização ou aproveitamento?


E na sua casa, no seu dia a dia, como você tem lidado com o que sobra no prato e na geladeira?


Não existem soluções mágicas ou receitas prontas. A regeneração de nosso mundo dependerá exclusivamente da nossa capacidade de adotar novas práticas, que nascem de uma nova consciência e se materializam no comportamento individual.


Para colaborar com essa mudança de mentalidade e dar o primeiro passo prático, a boa notícia é que há caminhos claros. Este guia oferece 18 dicas simples e eficazes para não jogar comida fora e evitar o desperdício.


Comecemos hoje. Compartilhe esta reflexão. Inicie uma conversa no seu trabalho. Adote uma nova prática em casa. Evitar o desperdício é um ato concreto de salvar vidas, preservar recursos vitais e regenerar o nosso planeta.


 
 
 

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